Durante todos esses meses de pandemia de Covid-19, novas sequelas têm sido estudadas pela medicina, para além das já conhecidas como perda de olfato e paladar e enfraquecimento de músculos.

Alguns levantamentos realizados ao redor do mundo apontam que cerca de 16% dos pacientes que contraíram o novo coronavírus apresentam algum tipo de complicação cardíaca. Os estudos salientam, também, que esses danos não dependem de grau elevado da doença, ou seja, mesmo os quadros mais leves e que não necessitam de internação podem levar a sequelas no sistema cardiovascular.

Além disso, de acordo com as pesquisas, a lesão cardíaca ocorre em 20 a 30% dos pacientes hospitalizados e contribui para 40% das mortes. Dentre essas complicações, destacam-se a lesão miocárdica (20% dos casos), arritmias (16%), miocardite (10%), além de insuficiência cardíaca congestiva (ICC) e choque (até 5% dos casos).

Para se ter ideia, um dos estudos avaliou 138 pacientes internados por Covid-19, e dentre eles, 16,7% desenvolveram arritmia e 7,2% apresentaram lesão cardíaca aguda (anormalidades eletrocardiográficas ou ecocardiográficas), sendo que quase 12% dos pacientes sem doença cardiovascular conhecida previamente apresentaram níveis elevados de 9 troponina T ultrassensível (Tnt) ou parada cardíaca durante a hospitalização.

O grande perigo das sequelas cardíacas é que nem sempre elas apresentam sintomas, o que leva o paciente a crer que está pronto para retomar atividades físicas, por exemplo. E é nesse momento que podem surgir complicações, já que é exigido maior esforço do coração, com batimentos elevados para o transporte do sangue aos músculos.

Para evitar danos graves, a Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE), em parceria com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), lançou a primeira diretriz sobre o retorno aos exercícios físicos com segurança após ser acometido pela Covid-19. Entenda.

Como o vírus atinge o coração?

O Sars-CoV-2 pode tanto se alojar no coração e devastar as células do órgão, quanto  gerar uma resposta desmedida do sistema imune, prejudicando o funcionamento de diversas partes do corpo. A arritmia e a miocardite são algumas das possíveis doenças que podem surgir em decorrência da covid-19.

 

 Cuidados ao retorno das atividades físicas

De acordo com a médica cardiologista do Instituto Ellos de Medicina, Dra. Danielle Salaorni de Resende, é imprescindível fazer um check up antes do retorno às atividades físicas. “É preciso avaliar o estado geral do paciente e fazer um retorno gradativo, para condicionar o organismo aos exercícios sem sobrecargas”, explica.

Além disso, de acordo com a diretriz da SBMEE, é importante que haja um fortalecimento muscular antes do retorno aos treinoss aeróbico, como correr ou andar de bicicleta.

Por fim, Dra. Danielle salienta para a importância do acompanhamento. “Caso o paciente sinta qualquer desconforto, falta de ar, palpitações ou qualquer outra dificuldade, vale contatar o cardiologista para uma nova avaliação”, finaliza.

 

Fontes:

– SOCIEDADE BRASILEIRA DE MEDICINA DO EXERCÍCIO E DO ESPORTE (SBMEE)

– GRUPO DE ESTUDOS DE CARDIOLOGIA DO ESPORTE (GECESP), DEPARTAMENTO DE ERGOMETRIA, EXERCÍCIO, CARDIOLOGIA NUCLEAR e REABILITAÇÃO CARDIOVASCULAR (DERC) DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA (SBC)